Preocupação com meio ambiente reduz durante pandemia

O noticiário sobre meio ambiente reduziu significativamente durante o período de pandemia para dar espaço a informações sobre o avanço do novo coronavírus no país e no mundo. Somado ao isolamento social, pelo qual o contato com a natureza foi substituído por meses inteiros dentro de casa, é normal que a preocupação com o planeta tenha ficado esquecida durante a pandemia. É o que mostra uma pesquisa recente do Instituto Ipsos, realizada com 16 mil entrevistados de 16 países, no período de 21 a 24 de maio de 2020. Segundo o estudo, embora 85% defendam que o governo deve priorizar a preservação do meio ambiente na retomada pós-pandemia, 41% dos ouvidos no Brasil admitem que o tema da proteção ambiental não está na sua própria lista de prioridades no momento.

Longe das escolas, onde, em grande parte das vezes, os alunos recebem dos professores ensinamentos relacionados à educação ambiental, crianças e adolescentes não precisam passar toda a quarentena sem abordar conceitos sustentáveis e colocar em prática atitudes ecologicamente corretas. Os pais, em casa, podem ajudar os filhos a enxergar o que deve ser feito. Lixo doméstico, consumo consciente e energia elétrica são temas que podem ser abordados pelos pais durante uma conversa. De acordo com o professor do Colégio Positivo e assessor pedagógico da disciplina de Matemática do CIPP (Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo), Dirceu Fedalto, a vida moderna trouxe inúmeras comodidades para os setores industrial e comercial, assim como para os ambientes domésticos. “O problema é que todo esse conforto gera uma produção cada vez maior de lixo, que na sua grande maioria acaba em lixões ou aterros, quando não é descartado de forma incorreta e acaba chegando nos rios e mares. Para mudar isso nós podemos começar modificando nossos hábitos de consumo. Reduzir, reusar, reciclar são termos que devem sair do campo do discurso para a prática”, alerta Fedalto.

O professor cita algumas dicas que podem começar a ser adotadas no dia a dia das famílias e que pais podem passar para os filhos: utilização de sacolas retornáveis para as compras do mercado; redução do consumo de papel – imprimindo apenas aquilo que for indispensável – e também de plástico; dar preferência a produtos e empresas que façam uma gestão adequada de resíduos; e, claro, fazer a separação correta para que a maior quantidade possível de lixo produzido possa, de fato, ser reciclado. As dicas de Fedalto vão ao encontro de um conceito que em outros países já está amplamente incorporado à sociedade: a economia circular. Segundo a professora de Tecnologia e Inovação do Colégio Positivo e assessora pedagógica do CIPP (Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo), Micheline Castelli de Souza, em uma economia circular, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde geral do sistema por meio de estratégias de redução, reutilização, recuperação e reciclagem do que é produzido e da energia gerada. “Estamos falando de um trabalho efetivo em todas as escalas, nos grandes e nos pequenos negócios, atividades globais ou locais.

A ideia parece distante, mas Micheline garante que os pais, em casa, podem mostrar para seus filhos como se comportar a fim de colocar em prática esse conceito. “São gestos simples e ensinamentos que podem ser incorporados ao hábito como, por exemplo, criar compostas nos jardins públicos para os moradores destinarem o lixo orgânico; dizer não aos canudos de plástico; preferir comprar produtos a granel no mercados, evitando assim que embalagens desnecessárias gerem ainda mais lixo; preferir o transporte por meio de bicicletas e patinetes – não poluentes; modificar a forma de consumo, dando preferência às coisas usadas e produtos artesanais; preferir marcas que aproveitam as sobras de tecido e não incineram; além de destinar corretamente os lixos eletrônicos às empresas que providenciam o reaproveitamento adequado”, explica Micheline.

O uso da energia elétrica é outro tema bastante importante para ser tratado com crianças e jovens, já que o consumo consciente pode diminuir os impactos sofridos pela natureza devido à geração de energia. Segundo especialistas, os impactos ambientais para a geração de energia elétrica seriam diminuídos se cada cidadão passasse a economizar, em média, 15% de toda energia consumida em sua residência. Muitas vezes, o assunto é motivo de conflito em família porque crianças e jovens não se dão conta da importância, por exemplo, de apagar sempre a luz quando deixa um ambiente ou desligar a TV quando não está assistindo. De acordo com o professor de Física do Colégio Positivo e também assessor pedagógico da disciplina no CIPP, Fabiano de Freitas, pode-se começar orientando os filhos a evitar abrir a porta de geladeira com frequência e sem necessidade. “Quando abrimos a porta de uma geladeira, o ar em seu interior aumenta de temperatura, de forma que a geladeira precisa refrigerá-lo novamente, usando assim mais energia”, explica Freitas.

O ar-condicionado e o aquecedor são outros aparelhos que merecem atenção, segundo o professor: eles consomem muita energia e seu uso deve ser moderado. “Ensine os filhos a programar para que eles sejam desligados durante a madrugada”, recomenda. E para concluir, o tempo dos banhos é outra dica valiosa. Freitas ressalta que o chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais aumenta a conta de energia. “Devemos orientar desde cedo crianças e jovens para que não se estendam no chuveiro mais que o tempo necessário, mostrando que dessa forma economizamos energia elétrica e água”.

Trabalhar essas formas de pensar junto a crianças e jovens é garantir o futuro do planeta. E, enquanto a quarentena não termina, pais podem ser – em casa – os agentes dessa transformação.

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